Dispersão de energia e lei da inércia estão relacionados com a resistência do carro a impactos e esses conceitos levam internautas a questionar como ocupantes do veículo são afetados por acidentes.
Nos últimos dias, viralizaram nas redes vídeos de pessoas arremessando pesos e dando pancadas no Cybertruck, o carro anunciado por Elon Musk como quase indestrutível, sem que ele quebrasse.
Com a imagem, as pessoas passaram a questionar: por que os carros quebram em uma batida? E por que é esperado que eles sofram mesmo as deformações em sua lataria? A física pode explicar: isso tem a ver com a dispersão de energia.
Para entender como isso acontece, é preciso relembrar um conceito básico de física: a energia não pode ser criada e nem dissipada, só transformada.
Considere o seguinte:
- 🚙 O carro está a uma velocidade de 60 km/h. Nesse caso, a energia é a cinética, que é a energia relacionada ao movimento.
- 🚙 Quando ele tem um choque, o carro, automaticamente, para.
➡️ Aqui é que a gente retoma o conceito: se a energia que estava sobre o carro não pode desaparecer com o choque, o que acontece com ela? Ela se dissipa amassando as peças do carro.
“A energia é dissipada na batida, sendo absorvida pelas peças. Então, quando a gente vê os carros amassando, quebrando, isso é para impedir que as pessoas que estão no veículo sejam atingidas” – Sonia Guimarães, professora de Física no Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA).
O professor de física do colégio Sá Pereira, Henrique Picallo, explica que quando as peças não podem absorver a energia, ela precisa se dissipar de outra maneira e, com isso, pode atingir quem está no veículo.
“Antigamente, tínhamos, por exemplo, carros com capô de metal, que não amassavam. A energia em um acidente com carros assim termina nas pessoas, que têm fraturas e ferimentos mais graves. Um carro que amassa é segurança para o passageiro”, explica Picallo.
A segurança do carro é um ponto que vem sendo questionado por especialistas de carros, principalmente, nos Estados Unidos, principal mercado do veículo. A revista The American Prospect, especialista em carros, aponta que o material usado no veículo — o aço inoxidável — pode ser um fatal em acidentes.
Na Europa, por exemplo, o peso do carro exige que motoristas tenham uma outra categoria de habilitação, que necessita de mais treinamentos. Com isso, o veículo não foi incluído no mercado europeu.
Para além disso, a Tesla anunciou em abril deste ano o terceiro recall do carro por problemas no pedal que faziam com que o carro acelerasse de forma descontrolada, podendo causar acidentes.
Cinto de segurança é importante
Quando estamos em um carro, mesmo com a sensação de que estamos parados, na verdade não estamos.
Em um veículo, a pessoa está se locomovendo na mesma velocidade do velocímetro.
Ou seja, em uma batida, o motorista e os condutores também têm energia para ser dissipada. É por isso que em uma parada abrupta, o corpo é arremessado para frente.
Mais uma vez, isso se explica por um conceito da Física: É a lei da inércia, que diz que um corpo em movimento tende a permanecer em movimento.
“Nos carros atuais, o cinto de segurança tem uma elasticidade que é o que permite que a energia se dissipe, você é levado alguns centímetros adiante, mas ele segura o seu corpo e impede de ser arremessado com a batida”, explica Picallo.
FONTE: G1