quarta-feira, dezembro 11, 2024
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Corretor de grãos suspeito de golpes milionários em produtor rurais deu entrevista sobre sucesso: ‘Fazer diferente do que o mercado está fazendo’

Entrevista foi dada a um podcast em janeiro deste ano. Vinicius e Camila são suspeitos de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, mas defesa diz que eles são inocentes.

O corretor de grãos Vinicius Mello, que é suspeito de aplicar golpes milionários em produtores rurais de Rio Verde, no sudoeste de Goiás, chegou a dar uma entrevista como ter sucesso. Em sua fala, ele ressalta a importância de “trabalhar com fé e determinação”.A defesa de Vinicius e da esposa, Camila Melo, diz que eles são inocentes.

“Se você não levantar a bunda da cadeira e for trabalhar com fé, com determinação, com a inteligência que Deus te deu, fazer acontecer e fazer diferente do que o mercado está fazendo, esquece, filhão, você não vai crescer não”, afirmou Vinícius.

A entrevista foi dada a um podcast em janeiro deste ano. Vinicius e Camila são suspeitos de estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Eles foram incluídos na lista de procurados da Interpol. Por estarem foragidos, a Polícia Civil de Goiás divulgou os nomes e fotos dos dois. Segundo a polícia, eles usam do dinheiro obtido com o crime para ostentar e manter uma vida de luxo.

Ao g1, a defesa do casal disse que Vinicius e a família dele trabalham há mais de 10 anos no ramo e que nunca tinham tido problemas, mas que há seis meses uma “questão econômica” fez com que eles tivessem problemas em “honrar com os compromissos”. A defesa diz que existem acordos para pagamento de débitos de credores que “estão sendo feitos e que vêm sendo pagos”.

Investigação

A Polícia Civil considera que esse é o maior golpe já aplicado contra o agronegócio no Brasil. Os investigadores descobriram que Vinícius não agiu sozinho e tinha uma complexa rede de empresas criadas com a finalidade de sonegar impostos e lavar dinheiro. Pelo menos 13 vítimas registraram boletim de ocorrência contra Vinícius de Mello, mas a quantidade de produtores rurais que caíram no golpe é muito maior, de acordo com a investigação.

“A gente está falando de pessoas muito inocentes que confiavam nele e nem se fazia um contrato ou tinha um documento”, disse o delegado Danilo Fabiano.

Em um áudio divulgado pela polícia, Vinícius chegou a falar que iria ‘passar a perna’ em alguém. Não há, no entanto, explicação de qual negociação ele se refere (ouça acima). O g1 entrou em contato com a Polícia Civil, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Eu vou passar a perna nele, depois você paga aí. Não mandei você garantir”, disse o suspeito.

Uma operação realizada no último dia 29 de novembro contra os investigados apreendeu quase 470 veículos, aeronaves e pediu o bloqueio de R$ 19 bilhões, além de prender quatro pessoas suspeitas de participar do esquema.

Como o grupo agia?

Segundo a polícia, Vinícius de Mello se mudou para Rio Verde na década de 1990 e comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais para revender no mercado.

Todos os nossos contratos que ele intermediou não teve nenhum problema, nem financeiro, nem de prazo de entregas, então era perfeito”, contou Euclides, produtor rural. 

“Ele atua no mercado já de compra e venda com o corretor há alguns anos. E ele era uma pessoa, até então, de confiança dos produtores rurais. Esse foi um dos motivos que fez com que o prejuízo às vítimas fosse tão grande”, disse o delegado Márcio Marques.

Conforme a polícia, após receber as produções, ele não pagava ou pagava menos que o valor negociado com os produtores e também não entregavam toda a carga para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.

“São chamadas de empresas noteiras. São empresas que servem apenas para emissão do documento fiscal, das notas fiscais, e não havia o recolhimento dos tributos devidos”, disse o delegado Márcio Marques

Os irmãos Carlos e Paulo Ricardo confiaram em Vinícius e fecharam um negócio em março com pagamento em 90 dias. “Acho que tinha uns oito anos que ele estava negociando com o pessoal e sempre deu certo. Quando a gente foi negociar, aconteceu o que aconteceu”, disse Carlos Freitas de Paula Filho, produtor rural.

“O sentimento é desespero, porque a gente contava com esse dinheiro, com esse valor para cumprir nossos compromissos futuros”, disse Paulo Ricardo Sousa Freitas, produtor rural.

Em junho deste ano, Vinícius enviou um e-mail para os produtores justificando a falta. “Devido a algumas ameaças recebidas, o ambiente não é seguro para minha família. Portanto preservando a nossa integridade física, resolvi não retornar à cidade”, disse.

FONTE:G1/GOIAS

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