Bioma teve 571,6 km² devastados em novembro; por outro lado, a Amazônia Legal reduziu destruição em quase 64% no mesmo período
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostrou que a devastação do Cerrado subiu 238% em novembro deste ano, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Segundo o órgão, o desmatamento passou de 168,87 km² (2022) para 571,6 km². Por outro lado, na Amazônia Legal os índices recuaram quase 64%. Os dados foram divulgados nessa sexta-feira, 8.
Fazendo uma conversão dos números da destruição do bioma para campos de futebol, é como se em 30 dias a vegetação original fosse substituída por mais de 80 mil campos de futebol (de acordo com a medição do padrão Fifa/CBF, de 105 x 68 metros). Outra referência: o desmatamento teria deixado sem nada de verde todo o município de Cumari, no Sudeste goiano, vizinho de Catalão.
Nesse cenário, a taxa de desmatamento no Cerrado é considerada a maior para um mês de novembro desde que teve início esse tipo de monitoramento, em 2017. O ecossistema compreende 25% de todo o território brasileiro. Isto é, abrange todo o território de Goiás e do Distrito Federal; partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (o chamado Matopiba); Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, e São Paulo.
O Cerrado é a área de savana com maior biodiversidade do mundo. No entanto, isso tudo está seriamente ameaçado, alertam ambientalistas. Para ter ideia, entre agosto de 2022 e julho de 2023, o Cerrado atingiu o nível mais alto de devastação da mata e solo. Os índices de desmatamento foram os maiores em um ano, desde 2015. De acordo com o INPE, no total, 11.011 km² de vegetação nativa foram perdidos e o mais grave é a incerteza de que haja recuperação.
“A devastação cada vez mais rápida [do Cerrado] também terá efeitos alarmantes sobre a agricultura e o abastecimento de água das pessoas em médio prazo”, frisou Roberto Maldonado, da organização ambiental WWF, ao site UOL.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estima que o bioma abrigue mais de 6 mil espécies de árvores e 800 de aves. Porém, a riqueza de fauna e flora tem sido perdida ano após ano.
Amazônia
De acordo com o INPE, os alertas de derrubada de florestas na Amazônia Legal caíram 63,7% em novembro em relação ao mesmo período de 2022. Essa taxa é a mais baixa para o mês desde 2015, quando começaram esses registros. Os dados recolhidos pelos satélites do Sistema de Deteção de Desflorestamento em Tempo Real (Deter) do instituto mostram que 201,1 km² da maior floresta tropical do mundo foram desmatados no mês passado.
FONTE: JORNAL OPÇÃO