Documento ensinava a depositar, aplicar e doar o dinheiro dos “novos ricos”.
As vítimas dos pastores e missionários supostamente liderados pelo pastor Osório Júnior recebiam um “Manual do Novo Milionário”, além de contrato de sigilo sobre as operações financeiras. Mas sobre o documento, este ensinava como os “futuros ricos” deveriam agir quando recebessem os altos valores. A coluna Na Mira, do Metrópoles, divulgou as informações.
Vale lembrar, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu dois mandados de prisão no DF e 16 de busca e apreensão na região, mas também em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, na quarta-feira (20). O alvo foi um grupo, também composto por religiosos, suspeito de usar a fé das pessoas para cometer estelionato, prometendo quantias surreais em troca de investimentos.
Mas ainda em relação as instruções do Manual do Novo Milionário, elas orientavam sobre aplicações, dicas de segurança e mais:
- 1 – Banco – Não pasar nada por telefone… Ir pessoalmente e levar: RG, CPF, comprovante de endereço atual.
- 2 – Banco – a) manter a calma ao conversar com o gerente; b) maior parte do dinheiro investir em renda fixa com liquidez diária (o gerente irá oferecer outros investimentos, dizer que irá pensar, não aceite de imediato); c) deixar licre mínimo de 20% para poder usar de imediato para: saques, débito, transferências; d) pedir cartão de débito e cartão de crédito internacional com bom limite, pois se viajar irá precisar; e) ler tudo com atenção e levar caneta própria, e pedir cópias do que for assinar; não aceite pagar manutenção bancária nem taxas.
- 3 – Outros bancos – a) distribuir o dinheiro em 4 bancos: 2 privados e 2 federais. Distribuir os ovos em cestos diferentes. Lembra do governo Collor?; b) evitar sacar dinheiro… sempre fazer transferências; c) no cartão de crédito não assine atrás… escreve: “solicitar RG”.
- 4 – Segurança – Não ande com dinheiro. Só cartões de débito, crédito; compre outro chip de celular, jogue este fora; só passe o número para a família; mude de endereço e não divulgue; mude para um condomínio fechado; não conte quanto você recebeu para ninguém; carro de luxo? blindagem. Sua vida vale mais que todo o dinheiro.
- 5 – Doações – Doar imóvel para familiares ou amigos requer, antes de tudo, contrato de doação com pagamentos de taxas. Verifique se o beneficiário poderá arcar com os custos de manutenção do imóvel ou dependerá para sempre de você. Amigos e parentes tendem a exigir mais do que você está dispondo, caso saibam quanto você tem. Abrir uma fundação, abrigo ou entidade carente requer administrar e manter o local e, muitas vezes, os custos são maiores do que você imagina. Há muitas entidades e pessoas carentes precisando de ajuda diretamente. Mas lembre-se: a maior ajuda é aquela que a pessoa poderá por si só se manter ao longo de sua vida. Ensine a pescar… Não dê o peixe.
Operação
Em relação a Operação, ela ocorreu na quarta e a corporação acredita que os religiosos do DF podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil. Segundo a polícia, cerca de 200 pessoas fazem parte do grupo, entre elas dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Os investigados, conforme as autoridades, induziam as vítimas (fiéis que frequentavam a igreja deles, em sua maioria) a acreditarem que receberiam quantias surreais por meio de “bênção”. Para isso, eles investiam dinheiro com a promessa de recebimentos futuros.
A Operação Falso Profeta começou há aproximadamente um ano. Esta aponta, ainda, que a existiria uma rede criminosa estruturada e hierarquizada com divisão de tarefas, liderada pelo pastor Osório Júnior. Entre os crimes citados, estão falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). As vítimas estariam em quase todas as unidades da federação, sendo um dos maiores golpes já investigados no País, de acordo com a PCDF.
Cerca de 100 policiais civis participaram dessa etapa da investigação. Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, houve bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e determinação da Justiça pela proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor) teve o apoio do Departamento de Polícia Especializada e das Polícias Civis dos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Mais sobre o golpe
Os supostos golpistas, explica a PCDF, enganavam os fiéis pelas redes sociais, abusando da crença deles. Para convencer as vítimas, a maioria evangélica, a investir as economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos sociais, os investigados prometiam retorno imediato de grandes valores.
Entre os casos, a Polícia Civil divulgou a promessa de investimento de R$ 2 mil para receber 350 bilhões de centilhões de euros – sim, este valor absurdo e completamente irreal. Os suspeitos utilizavam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando serem instituições financeiras digitais (bancos falsos). Eles ainda faziam contratos com as vítimas para dar mais veracidade ao golpe, que prometia quantias inimagináveis por meio de títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Conforme apurado pelas autoridades, foram identificadas aproximadamente 40 empresas fantasmas e de fachada, mais de 800 contas bancárias suspeitas e movimentação acima de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Um suspeito de envolvimento no grupo foi preso em dezembro passado, quando utilizou um documento falso em um banco na Asa Sul, mas o grupo continuou os golpes, mesmo ele sendo o principal digital influencer da organização.
O organização criminosa, como mencionado, seria liderada pelo pastor Osório José Lopes Júnior, considerado foragido.
FONTE: MAIS GOIÁS