Aparecida Ribeiro acredita que irmão tenha morrido por ficar 5h dentro de saco plástico e em câmara fria. Após ser descoberto vivo, José Ribeiro, de 62 anos, foi levado a outro hospital, onde morreu 2 dias depois.
A assistente social Aparecida Ribeiro da Silva, irmã do idoso que foi dado como morto enquanto ainda estava vivo em um hospital de Uruaçu, norte do estado, disse que ele “viveu um filme de terror”. Após a funerária ver que José Ribeiro da Silva, de 62 anos, estava vivo, ele foi levado para outro hospital, onde morreu dois dias depois.
“O sentimento é de revolta. É difícil até mencionar o tipo de sentimento. Foi uma monstruosidade, meu irmão viveu um verdadeiro filme de terror e eu estou vivendo um pesadelo. Eu não consegui aceitar ainda, disse”.
José foi dado como morto na terça-feira (29), no Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu. O médico Lucas Campos chegou a emitir um atestado de óbito informando que a causa da morte tinha sido em consequência de um câncer na língua. O profissional foi afastado e o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) vai apurar a conduta dele.
A defesa do médico disse que vai se manifestar apenas para os órgãos responsáveis pelas investigações.
Após ser dado como morto por engano, José ficou em um saco plástico por cinco horas, foi levado a uma funerária em Rialma, no norte goiano, onde um funcionário descobriu que ele estava vivo. Depois disso, ele foi levado para outra unidade de saúde na mesma cidade, onde morreu, na quinta-feira (1º).
O Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN) informou que uma sindicância foi instaurada para apurar o caso e que o médico Lucas Campos, que fez o atestado, foi afastado.
A irmã de José acredita que ele morreu por ter ficado cinco horas dentro de um saco plástico e ainda ter sido colocado dentro de uma câmara fria. O delegado Peterson Amin informou que a Polícia Civil apurou que a causa da morte foi hipotermia, o que pode agravar a responsabilidade do médico que atestou a morte de José.
“Sem dúvida nenhuma, ele morreu por ter ficado dentro da câmara fria no hospital. O agente funerário já foi buscar ele era quase meia noite, a funerária só fez o transporte e, quando chegou na funerária, foi rapidinho e lá eles já perceberam que ele estava vivo”, disse a irmã da vítima.
Levado para funerária vivo
A irmã de José, Aparecida Ribeiro da Silva, ficou revoltada com a situação.
“É inacreditável o que aconteceu. Meu irmão passou cinco horas em um saco plástico, gelado. Foi horrível, é inadmissível uma situação dessas”, contou.
Ela disse que recebeu a notícia da morte dele por volta das 20h. Ela foi ao hospital, onde um médico e uma assistente social a receberam. A família, então, fez os procedimentos para a liberação do corpo, sem saber que ele estava vivo.
José teve o corpo colocado dentro de um saco usado para remoção de pessoas mortas e levado pela funerária para Rialma, cidade natal da família, que fica a cerca de 100 km de distância de Uruaçu. Quando o saco foi aberto para que o homem fosse preparado para velório e enterro, funcionários perceberam que José estava vivo, com olhos abertos e respirando com dificuldade.
“O funcionário da funerária me ligou desesperado pedindo para que eu fosse lá, que meu irmão estava vivo”, disse a irmã.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e constatou que ele estava vivo. O idoso foi encaminhado para o Hospital de Rialma. Ele estava em estado gravíssimo e com instabilidade clínica. Ele recebeu o atendimento necessário e foi transferido em estado grave para uma UTI em Ceres na noite de quarta-feira (30).
Morte dois dias depois
Dois dias depois de ter sido dado como morto e ainda estar vivo, na última quinta-feira (1), o auxiliar de serviços morreu em Rialma, onde estava internado. No dia seguinte, o delegado Peterson Amin informou que a Polícia Civil apurou que a causa da morte foi hipotermia, o que vai agravar a responsabilidade do médico que atestou a morte de José.
O delegado explicou que, depois que o idoso foi declarado morto, foi levado para uma câmara fria e colocado dentro de um saco para manter a temperatura baixa.
“A causa da morte sendo hipotermia aumenta a responsabilidade do médico, por isso a gente vai alterar a tipificação do inquérito, que antes estava como tentativa de homicídio, hoje, está como homicídio consumado, por dolo eventual”, explicou.
O corpo de José Ribeiro foi enterrado em Rialma, no norte goiano.
FONTE: G1